Enxurrada em Lajedinho destruiu imóveis e afetou 70 famílias desabrigadas.
Gestor quer decretar estado de calamidade pública na segunda-feira (9).
O prefeito do município de Lajedinho, que ficou destruído por conta de uma enxurrada que atingiu a cidade noite de sábado (7), diz que teve a casa invadida e destruída pela força da água. Em conversa com o G1, Antônio Mário Lima contou sobre a tensão que ele e os moradores da cidade passaram durante o forte temporal. Até as 18h55, foram registradas 10 mortes.
“A minha casa também foi atingida como a de tanta gente, a água chegou até o teto. As pessoas estavam assustadas. A chuva estragou tudo na prefeitura, só ficou a estrutura do prédio. A Secretaria de Processo Social, a Secretaria de Saúde e o posto de saúde também”, disse o prefeito.
Lajedinho recebe assistência de municípios vizinhos. O prefeito afirmou ao G1 que na segunda-feira (9) vai declarar estado de calamidade pública.
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O gestor também comentou que a cidade passou por um longo período de estiagem, o que pode ter agravado as consequências causadas pela chuva.
“Passamos por um período de estiagem de aproximadamente cinco anos, com poucas chuvas bem rápidas. Dessa vez choveu muito, 120mm em 2 horas, e com o solo seco a situação se agravou, porque estamos em uma região de vale.", disse o prefeito que acompanha as operações na cidade.
Segundo o prefeito e a Defesa Civil, entre as 10 vítimas, dois corpos foram arrastados pela enxurrada para fora da cidade e encontrados por um fazendeiro, já no limite com o município de Ruy Barbosa, a 8km de distância. A gestão municipal contabilizou até o meio da tarde que 70 famílias perderam suas casas.
Temporal
Um temporal causou destruição e mortes na noite de sábado (7), no município de Lajedinho, a cerca de 355 km de Salvador, na região da Chapada Diamantina.
Um temporal causou destruição e mortes na noite de sábado (7), no município de Lajedinho, a cerca de 355 km de Salvador, na região da Chapada Diamantina.
De acordo com a Defesa Civil, choveu em 2 horas cerca de 120mm. O imóvel da Prefeitura de Lajedinho também foi atingido pela enxurrada, diversos equipamentos e documentos foram destruídos. A sede da Assistência Social também foi afetada.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Paulo Sérgio Luz, as buscas por pessoas desaparecidas continuam. Por volta das 12h40, o órgão tinha a informação de dez desaparecidos. De acordo com dados do IBGE, Lajedinho possui cerca de 4.079 habitantes.
Paulo Sérgio Luz informou que na lista dos mortos estão: Valéria Cruz Lima (idade não informada), Luiza Santos Lima (idade não informada), Tharso Lima dos Santos, 4 anos, que faziam parte da mesma família; Cátia Fernanda de Jesus Santos (idade não informada), Sirlene Santos da Silva, 16 anos, Valdete Maria de Jesus, 40 anos e Ilza Cavalcante da Silva, 68 anos. Três pessoas ainda não tinham sido identificadas. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Itaberaba, cidade próxima ao município de Lajedinho.
Uma equipe da Defesa Civil foi enviada em caráter emergencial ao município na manhã deste domingo. Eles procuram por escolas e ginásios na região que possam servir de abrigo para as vitimas. Cobertores, colchões e alimentos também são levados. Ainda de acordo com a Defesa Civil, cerca de 90% do comércio de Lajedinho foi destruído.
O vice-governador do estado, Otto Alencar, esteve em Lajedinho e afirmou que o cenário é de muita destruição. "Houve uma tromba d'água, que começou 11h da noite e foi até 1h30 da manhã. Choveu 120mm. O solo estava completamente descoberto por causa da seca", afirmou.
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O professor Eliude Carvalho da Silva, morador de Lajedinho há 16 anos, relatou ao G1 a ocorrência de duas mortes em sua família e a informação de que ainda há conhecidos e parentes desaparecidos. "Duas pessoas da minha família morreram. Minha cunhada e meu sobrinho", afirmou na manhã deste domingo.
De acordo com o morador, a cidade fica em uma região de vale. "Fica em uma baixada. Isso [alagamento] já aconteceu no ano passado. A chuva foi muito forte, e associado a essa chuva, vem trazendo mato da cabeceira do rio", conta.
O morador Marcos Antônio Oliveira registrou as imagens de destruição e caos na cidade e contou, em entrevista ao G1, que os bairros afetados ficaram sem energia elétrica e sem abastecimento de água. Ele também aponta que esta não é a primeira vez que a cidade é afetada por um grande temporal. "Três vezes que isso já acontece e não fazem nada. Com vítimas foi a primeira vez", diz.