Poção, em Lençóis, teve acesso bloqueado depois que turistas que estiveram no local apresentaram a doença
Informações Correio24horas
O acesso ao Poção, em Lençóis, na Chapada Diamantina, foi fechado após turistas contraírem esquistossomose (shistosoma mansoni) em visita ao local há alguns meses. Segundo informações da prefeitura de Lençóis, foram coletados amostras de caramujos no local, que fica próximo da Cachoeira do Mosquito, para serem analisados pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesab). Após a coleta, o local foi bloqueado nesta quinta-feira (4).
A investigação sobre a doença começou após a denúncia de uma agência de turismo mineira, que alertou para os casos de turistas contaminados pelo shistosoma quatro meses depois de terem conhecido o Poção, durante o Carnaval. Segundo a secretária de turismo de Lençóis, Lilian Andrade, é possível que a contaminação do Poção esteja relacionado ao Rio Santo Antônio, que atravessa alguns municípios da Chapada Diamantina e tem população ribeirinha que não tem saneamento básico.
“Esse e-mail da agência que veio com 32 ciclistas, foi o estopim para esse passo. Ele serviu como a própria denúncia para o governo do estado, que faz o controle de zoonoses. Nós, imediatamente, enviamos o e-mail que funcionou como uma denúncia e a Vigilância Sanitária veio fazer a coleta ontem”, explicou.
O relato de uma médica que visitou o local e está circulando nas redes sociais detalha os sintomas da doença, que apareceram quatro semanas após a visita ao local. “Fomos eu e meu marido à Chapada Diamantina no Carnaval de 2017 e após 4 semanas ele iniciou quadro de febre prolongada, intermitente, sudorese noturna, astenia (fraqueza) e placas vermelhas em pele, com intervalos sem sintomas! Eu tinha um quadro mais brando, apresentava principalmente dores de cabeça e estômago, astenia, com apenas 2 episódios de febre e diarreia neste período”, escreveu.
(Foto: Marcelo Braga/Arquivo Pessoal) |
No texto, ela destaca que se surpreendeu ao saber que amigos também tinham apresentado o quadro da doença depois de visitar os mesmos pontos turísticos. “Estivemos em diversos rios e cachoeiras, todos da região podem ter o verme, mas chama a atenção que encontramos um casal conhecido na Cachoeira do Mosquito e no 'Poção', rio do mesmo complexo da fazenda e eles agora estão em investigação apresentando o mesmo quadro”, ressaltou.
A esquistossomose é geralmente contraída após o contato de fezes humanas infectadas com caramujo que vivem em água doce, que se tornam o hospedeiro do verme. Os ovos do verme se desenvolvem dentro do caramujo e, na água, sobrevivem por 48 horas. Os vermes penetram na pele das pessoas que têm contato com a água e depois se desenvolvem dentro dos vasos sanguíneos.
Complexo turístico
O Poção fica dentro do Complexo Turístico Fazenda Santo Antônio e o acesso só deve ser liberado após o resultado da análise das amostras, caso os resultados sejam negativos. Ainda de acordo com Lilian, a Cachoeira do Mosquito, que fica no mesmo complexo e é um conhecido ponto turístico da Chapada, provavelmente não tem contaminação, visto que tem água corrente e a nascente do rio que a abastece fica próxima à queda d'água, diferente das águas do Poção.
Em nota, a prefeitura de Lençóis informou também que está tomando providências para conscientizar a população sobre a doença. “A Prefeitura de Lençóis já está tomando providências para realizar uma campanha de prevenção junto à população, incluindo as escolas do município e agentes de turismo local”, diz a nota.
De acordo com a Sesab, no ano passado foram notificados, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 532 casos de esquistossomose na Bahia, o que corresponde a uma redução de, aproximadamente, 25% em relação ao mesmo período de 2015, quando foram notificados 703 casos. A Sesab informou que não tem dados sobre casos da doença este ano na Bahia.
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