Fogo queimou mais de 3 mil hectares em área de preservação ambiental em outubro deste ano e foi extinto no mesmo mês. Moradora e brigadista contam sobre colaboração da população.
O ICMBio informou ainda às prefeituras que a área total afetada pelo incêndio foi de 5.750 hectares, que inclui a área queimada e a região que não chegou a ser tomada pelo fogo, mas que de alguma forma foi impactada, seja por causa do calor das chamas ou porque teve seus acessos afetados.
O fogo se espalhou por áreas da Chapada como Parque Nacional, Capa Bode, Parque Municipal de Andaraí e Parque Municipal Sempre Viva, em Mucugê. De acordo com o brigadista, guia e geógrafo Rogério Miranda, algumas áreas queimadas estavam preservadas havia cerca de 30 anos, sem registro de queimadas.
Apesar de indícios de que poderia ser crime ambiental, ainda não há comprovação do que pode ter provocado o incêndio que começou no dia 6 de outubro, em Andaraí, e só foi considerado extinto no dia 12 de outubro, já na região de Mucugê. Uma perícia já foi realizada, mas ainda não foi apresentado o relatório final do caso.
Área queimada em incêndio na Chapada Diamantina, na Bahia (Foto: Paula Fróes/GOVBA) |
"Todo incêndio pode ser acidental ou proposital, mas isso é a perícia que vai dizer", diz o secretário de Meio Ambiente e Turismo de Andaraí, Emílio Tapioca.
Os bombeiros e brigadistas controlaram as chamas no dia 11 e ainda monitoravam as áreas, quando a chuva resolveu concluir o trabalho humano e caiu entre a noite do dia 11 e madrugada do dia 12. Foram cerca de 53 mm de chuva.
Turismo
Durante o incêndio, Andaraí e Mugugê continuaram recebendo turistas. Conforme relatos de moradores e representantes do poder público, as pessoas não deixaram os municípios por causa das chamas. Não há informações do número de turistas que tenham cancelado as viagens ou antecipado a saída da cidade por causa do incêndio.
Chamas do incêndio quando ainda estava ativo, em outubro deste ano, em Andaraí, na Bahia (Foto: Divulgação/Sematur Andaraí) |
João Pedro Borba foi um dos turistas que esteve na região durante as queimadas. Ele estava preocupado, mas tinha passeios agendados e não quis deixar de ir a lugares que estavam liberados para visitação e sem fogo. Em entrevista ao G1, no dia 8 de outubro, ele informou que deixaria a cidade no dia seguinte, mas isso porque já estava programada a viagem.
O secretário Emílio Tapioca informou que os impactos no turismo poderiam ocorrer após o incêndio, mas ainda assim, é algo que pode ser recuperado.
"Tivemos uma perda dessa biodiversidade, e isso gera um pouco de impacto, mas nada que não seja recuperado. Toda a natureza deverá se recompor. Apesar do impacto que isso possa vir a ter, não é tão alarmante", disse.
Área tomada pelo fogo na Chapada Diamantina, na Bahia (Foto: Paula Fróes/GOVBA) |
A visitação aos parques está suspensa em alguns trechos, mas não está condicionada ao incêndio e sim à pandemia da Covid-19.
"O Parque Municipal Rota das Cachoeiras em todo o período da pandemia manteve-se fechado, mesmo porque o mesmo está sob processo de regulamentação e acompanhamento do MPE [Ministério Público Estadual] quanto à elaboração do plano de manejo da unidade de conservação. No entanto, por se tratar de áreas contíguas e limites intermunicipais (Itaetê/Mucugê) as vias de acesso que possibilitam visitações esporádicas das comunidades do entorno", disse o secretário.
A preocupação maior foi de quem reside em Mucugê. A enfermeira Priscila Ruvenal, que mora no município há 4 anos, destacou que esse foi o pior incêndio na região que ela já presenciou. Ela via o clarão das chamas pela varanda e, assim como os demais moradores, relatou apreensão ao ver a cidade tomada pela fumaça.
Priscila e outros moradores que não têm experiência no combate a incêndios quiseram ajudar, mas não podiam ir para o meio do fogo, então ela decidiu colaborar de outra forma.
"Arrecadamos água e comida para levar para os brigadistas. As pessoas se prontificaram a cozinhar, ajudar de alguma forma", disse.
Sensação de gratidão
Bombeiros se abraçam após fogo ser extinto na Chapada Diamantina, na Bahia (Foto: Paula Fróes/GOVBA) |
Avião air track lançando água em área atingida pelo incêndio em outubro deste ano na Chapada Diamantina (Foto: Paula Fróes/GOVBA) |